Blog de Luís Fontinha. Nasceu em Luanda a 23/01/1966 e reside em Alijó - Portugal desde Setembro de 1971. Desenhador de construção civil, estudou Eng. Mecânica na ESTiG. Escreve, pinta, apaixonado por livros e cachimbos...

28
Mar 15

Este beijo de pérola adormecida

Fingindo habitar numa ilha

Os lábios cessam nos murais do sofrimento

O silêncio agarra-se aos tentáculos do desejo

As imagens da escuridão

Desenhadas nas minhas mãos

O vulcão da insónia

Não regressando mais

Como uma folha

Caída do habitáculo tridimensional

A parede perfeita

Escrita entre o orgasmo inventado

 

E o poema perdido

Esquecido nos teus seios geométricos

Quando da ardósia

Um círculo de nada

Morre

E fala

As palavras amadurecidas

Sem nome

Sem medida

O derramado húmus da tristeza

Quando o sémen de prata

Invade a melancolia

 

Nasce o dia

Cresce nas tuas coxas de silício

A penumbra pintura do adeus

Enigmático

Dizem elas quando lêem na minha algibeira sem profissão

O significado do amor

Apaixonado

Não

A bala de sabão contra a minha camisola

A gripe

O profanar

Das flores de papel

 

Que o texto ilumina

Ele é louco

(Dizem elas quando lêem na minha algibeira sem profissão)

Tristes

Meu amor

As canções abraçado a ti

Os poemas escritos nos lençóis humedecidos

A chuva alimenta o teu cadáver

O teu corpo escondido no meu coração

Os teus uivos

As tuas raras mãos

Abraçando-me

 

Alimentando-me

Como Deus

Ao deitar

Meu amor

Sem palavras

Sem livros

Sabes que morro

Sabes que grito

A viagem

O não regressar aos teus ombros

Não amar-te

Quando te amo

 

O medo

Da fala

Dos cigarros.

A alma

Minha

Penhorada por um quarto de pensão

A queca química

Entre dois ponteiros do relógio do avô

Tão bom

Meu amor

Tão bom

Meu amor.

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Domingo, 29 de Março de 2015

publicado por Francisco Luís Fontinha às 00:59

Não entendo os teus cabelos em cerâmica doirada

Como as andorinhas desnorteadas

Entre árvores

Entre filamentos de saudade

Sobre a cidade

Dos sonhos

Acordar

O espelho da vida

Em liberdade condicional

Espera

Caminha

A pedra ensanguentada

Das ruelas em flor

O ruído ensurdecedor dos morangos

E das plásticas cabeças de alfinete

O fato prisioneiro no guarda-fatos

O meu esqueleto

Dentro do fato

Os sapatos

As meias

E todo o resto

Em chamas junto ao rio

Não entendo o perfume dos teus lábios

O sorriso que se alicerça em ti

E me sufoca

Quando acorda a noite

E a noite me transporta

Para a carta sem remetente

Oiço-te

E não percebo porque brilham os teus cabelos

Dentro do cubo de gelo

Da paixão

Em aventuras

Entre árvores

Entre filamentos de saudade

Saudade…

Dos sítios obscuros com pulseiras de vidro

Cacos

Sílabas

Na seara do cansaço

Atrevo-me a olhar a lua

E não querendo ofender ninguém…

A lua suicida-me contra os pigmentos do prazer

Não sei

Como poderia eu saber

Se as candeias se extinguiram nas marés de prata

Os sonhos

Os sonhos acorrentados ao silêncio

O medo de amar

Não amando

E comer

Todas as pétalas da rosa embalsamada

Tão triste

Eu

Neste cubículo de lata

Sem janelas

Sem… sem nada

Como uma simples folha de papel

Desesperada

Sobre a secretária

Eu mato-a com a caneta

Escrevo palavras

Palavras

Que só o mar consegue entender

E… escrever

Nos meus braços

Dentro de mim há buracos negros

E as equações da relatividade

Sós

Entranhando-se no camafeu alicerce do sofrimento

Como eu sabia

Antes de a madrugada bater-me à porta

Olá bom dia

Meu amor…

Hoje não

Volte para a semana

Não

Não quero comprar nada

Hoje

Porque sinto a solidão

Nos arrozais

E nos pássaros

Que os homens constroem

Enquanto o poeta morre…

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Sábado, 28 de Março de 2015

publicado por Francisco Luís Fontinha às 19:51

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