Sem sentido
Os alfinetes da solidão
Espetados nas esplanadas dos enforcados
A vida
Um barco
Sem amarras
Dormir na cidade
Quando as ruas pertencem à madrugada
As palavras
Viagens
Regressar
Não regressarei
Nunca
Os corpos à poeira
Do adeus
Sem sentido
As mulheres que me abraçaram
E hoje
Sombras
Sémen de prata
Semeado no destino
Escrevo-lhe
E
Meu amor
Não acredito nos adormecidos continentes
Na chuva
A neve
Sobre a mesa
Rompendo as narinas camufladas na insónia
O pó
Branco
Sem estória
Ou regressar
Nunca
Mais
Vou desenhar o teu olhar de sentinela de papel
Na cama escrevíamos poemas no corpo
As mãos
Húmidas
Percorriam os livros de “Lobo Antunes”
Perdi-me
Regressarei?
Sem saber que amanhã
Às oito horas e trinta minutos
Tu
Meu amor
As sentinelas
Letras
Voando
Como os apaixonados casebres de nata
Extingue-se a luz dos milagres
Eu não acredito
Na tua língua
O casaco
E a algibeira
Pigmentos soníferos dos corações do sono
O casaco
E a algibeira
O amor
No amor
Letras
As avenidas
Os homens de negro
Os pássaros
As mulheres mais belas do meu cansaço
(Passou-se… oiço-os)
Mas esta vida é uma “merda”
Comestível pelas circunferências dos anzóis de Níquel…
Silencio-me
Cerro os olhos
A partida
Dois abraços e um beijo.
Beijo
Beijo
Beijo
Beijo
Francisco Luís Fontinha – Alijó
Quinta-feira, 2 de Abril de 15