Onze horas
Na terra nocturna da solidão
Recordo o perfume das tuas palavras
Escondidas num subscrito
Desenhos
Os corações
Amo-te
Nunca te esquecerei…
E todos nós somos esquecidos
Quando acorda o dia
Quando se extingue a luz do sofrimento
Onze horas
Na terra
Nocturna
Em solidão
Voo sobre as árvores
Os pássaros
E os peixes
Da tua cidade
Os corações de luz
Sorriam
No subscrito perfumado
Parvoíces
Nocturnas
Entre lençóis
E pedaços de medo
A infidelidade
À janela
O Tejo mergulhado numa fina cortina de prata
Onze horas
Partem os barcos para os teus lábios
Os marinheiros
Onze horas
Embriagados nas tuas coxas
Como aranhas
Numa caixa em vidro
Sinto
Entre os lençóis
Os tentáculos corpos das pálpebras de linho
O amargo fim
O abraço
Em laço
A Torre de Belém
Sem ninguém
Eu
E só
Trazia-te na algibeira do Adeus
Como trazia um molho de chaves
Sem fechadura
A porta do teu peito
Com grades de incenso
Dormindo numa caixinha em madeira
O cheiro
Perfumado
Das tuas cartas
A Torre e a ponte
Camufladas pelas carícias do medo
A mão
Na tua mão
O poema
No teu poema
A rosa
Dentro do livro
Só
Ansiosa
Que seja dia
Nesta casa
Às onze horas
Da noite
Da manhã
De ontem
De hoje…de.. de amanhã.
Francisco Luís Fontinha – Alijó
Domingo, 5 de Abril de 2015