A ferocidade do teu corpo
O destino mal calculado
O erro equacional dos orgasmos invisíveis
Sofrimento
Meu amor
Subir as escadas
Chorar
No corredor
Sentar-me na sombra dos cabelos
Perdidos
Nunca mais voltarão a brincar no silêncio
Os teus beijos
Embrulhados na clandestina manhã
O sofrimento
Meu amor
Os corredores
Um… um horror
Marés de líquido
Nas tuas veias
Rios
Mares
Salgados barcos
Nos sonhos do teu sonho
Navegar
O sofrimento
Meu amor
Navegar nas sílabas da tua boca
Quando caí a noite sobre Lisboa
Os anzóis do sofrimento
Sofrimento
Meu
Amor
Navegar nas tuas nádegas
O comboio escondido entre as urbes embalsamadas
Não me vou perder
Juro
Meu amor
Os jornais empilhados junto à lareira
O som melódico do poema
Deitando-se nas labaredas da insónia
Sabes
Meu
Amor
Amanhã serei um vagabundo
Um triste cadáver
Sem palavras
Mudo
Sem braços nem canetas
Fujo das tuas garras lunares
Porque sei que amanhã
Meu amor
O poema terá morrido de overdose
Os triângulos das tardes
Na ceara dos lírios
Não quero
Meu amor
Caminhar sobre esta eira de luz
E ouvir
Ao longe
O sino
Vê tu
Meu amor
Ao longe
O sino
Vagueando no teu púbis…
Quero o retracto do teu corpo em vinil
Tatuado com Wordsong…
Tento ouvir as arestas da geometria
E da tua pele
O endereço do paraíso…
Em shots
E shots.
Francisco Luís Fontinha – Alijó
Quinta-feira, 9 de Abril de 2015