Blog de Luís Fontinha. Nasceu em Luanda a 23/01/1966 e reside em Alijó - Portugal desde Setembro de 1971. Desenhador de construção civil, estudou Eng. Mecânica na ESTiG. Escreve, pinta, apaixonado por livros e cachimbos...

02
Abr 15

A vertigem

O dia triste

Quando é envenenado pela saudade

Há no olhar da esperança

Um cigarro poético

Derramando palavras

E nuvens cinzentas

A rua perde-se em mim

Como eu me perdi nos teus braços

De aço

Prisioneiro dos cadeados invisíveis

O marfim dos dentes do crocodilo

Esperam-me sobre a mesa da sala de estar

Não estou

A porta encerrada

Sempre

Sempre

Como o mar submerso na neblina de sal

A vertigem

Apodera-se dos meus sonhos

Não há rios nesta cidade indesejada

Os peixes

Não

Não estou

Hoje

Nunca

À tua espera

Porque não espero nada

Nem ninguém

Como nunca esperei a madrugada crescer

Nos teus cabelos

A vida me come

A vida me mata

A fome

E…

Será que tens cabelos?

Fios de xisto

Descendo o Douro

O meu pensamento está longe

O Tejo

Aguarda serenamente a sombra do meu corpo

A ponte iluminada

Dançava

Quando o vento se alicerçava

E eu

Brincando numa parada militar…

Soldado de pedra

Com uma espingarda de nada

A vertigem sonolenta das coisas belas

Quando o dia

Hoje

Não

Nunca

Os peixes

Não

Não estou

A casa desassossegada

Com a minha ausência

Parti

E ninguém

Percebeu que não estou

Os livros na intimidade do desejo

A vertigem

Nas minhas veias

Caminhando apressadamente

Como os homens acabados de regressar

Do infinito

Os cubos e os círculos de gelo

Palmilham as lâmpadas do medo

Na ardósia

As equações do amor

Sem resolução…

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Quinta-feira, 2 de Abril de 2015

publicado por Francisco Luís Fontinha às 19:57

01
Abr 15

Sem sentido

Os alfinetes da solidão

Espetados nas esplanadas dos enforcados

A vida

Um barco

Sem amarras

Dormir na cidade

Quando as ruas pertencem à madrugada

As palavras

Viagens

Regressar

Não regressarei

 

Nunca

Os corpos à poeira

Do adeus

Sem sentido

As mulheres que me abraçaram

E hoje

Sombras

Sémen de prata

Semeado no destino

Escrevo-lhe

E

Meu amor

 

Não acredito nos adormecidos continentes

Na chuva

A neve

Sobre a mesa

Rompendo as narinas camufladas na insónia

O pó

Branco

Sem estória

Ou regressar

Nunca

Mais

Vou desenhar o teu olhar de sentinela de papel

 

Na cama escrevíamos poemas no corpo

As mãos

Húmidas

Percorriam os livros de “Lobo Antunes”

Perdi-me

Regressarei?

Sem saber que amanhã

Às oito horas e trinta minutos

Tu

Meu amor

As sentinelas

Letras

 

Voando

Como os apaixonados casebres de nata

Extingue-se a luz dos milagres

Eu não acredito

Na tua língua

O casaco

E a algibeira

Pigmentos soníferos dos corações do sono

O casaco

E a algibeira

O amor

No amor

 

Letras

As avenidas

Os homens de negro

Os pássaros

As mulheres mais belas do meu cansaço

(Passou-se… oiço-os)

Mas esta vida é uma “merda”

Comestível pelas circunferências dos anzóis de Níquel…

Silencio-me

Cerro os olhos

A partida

Dois abraços e um beijo.

 

Beijo

Beijo

Beijo

Beijo

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Quinta-feira, 2 de Abril de 15

publicado por Francisco Luís Fontinha às 23:58

O teu nome

Martirizado nas ombreiras do silêncio

Na parede

A solidão dos ossos

Vaporizando-se em pedacinhos de incerteza

O poema sente os teus lábios

O poema alicerça-se ao poeta

Que beija

Os teus lábios

O teu nome

Sem nome

Como as infelizes madrugadas do prazer

Acendo a insónia dos travestidos medos

A ponte balança

… Mas… mas não cai

Como todas as pétalas de rosa

Do jardim do teu livro

Onde habitam as tuas mágoas cinzentas…

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Quarta-feira, 1 de Abril de 2015

publicado por Francisco Luís Fontinha às 21:45

poesia_caminha.jpg

 

Com participação de Francisco Luís Fontinha

 

publicado por Francisco Luís Fontinha às 18:07

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