Imagino-te embrulhado no sono,
Brincas nos sonhos da dor
Como se fosses uma gaivota em voo rasante,
Consciente
Que nunca mais regressarás,
Às minhas palavras,
Às ruas de Luanda,
E aos Musseques de sorriso zincado,
Imagino-te deitado
Acreditando que ainda és capaz de voar,
Mas…
Meu querido,
As tuas asas estão tão frágeis como um telhado de vidro,
E os teus braços tão pesados como um rochedo em decomposição,
Putrefacto,
Húmido como o cacimbo da tua imagem,
Perdida numa qualquer paragem,
Sentes o ruído do machimbombo,
Tens medo dele
Como eu tinha medo do mar,
E hoje
E hoje estou acorrentado à paixão,
Do mar,
E da tua mão…
Francisco Luís Fontinha – Alijó
Quarta-feira, 20 de Maio de 2015