Invento desenhos
Nas paredes negras do sonho,
Acorrento o sono aos socalcos inanimados da minha vida,
Procuro a cidade prometida,
E apenas encontro lápides em xisto
E ruas esverdeadas
Com sabor a lágrimas,
Invento desenhos
Nas paredes cinzentas dos teus lábios,
Escrevo palavras na tua pele artificial
Enquanto ainda há luar
E estrelas no céu para pintar,
Depois,
Olho-me no espelho da solidão,
Sou feliz sem ninguém…
Porque as pessoas à minha volta,
Irritam-me,
E sinto saudades do meu velho cão,
Sempre sorridente,
Sempre… em silêncio,
Olhava-me
E percebia nele as palavras que te escrevo,
Porque ele,
Nada me perguntava,
Apenas me olhava
E nada mais do que isso,
E nada mais do que isso…
Apenas me amava sem o saber.
Francisco Luís Fontinha – Alijó
Quinta-feira, 4 de Junho de 2015