Enrolava-se no sono
Como se fosse uma criança mimada,
Descia a calçada,
Sentava-se em frente ao rio…
Desenhava barcos na sombra do pôr-do-sol,
Inventava palavras
Que quase nunca escrevia,
Sentia no corpo o silêncio da alma,
Que alma… meus Deus!
Alma nenhuma,
Corpo algum
E ausente,
E sente,
Sentia,
As lágrima em agonia,
Vestia-se de negro,
Puxava de um cigarro abandonado na algibeira…
E fugia,
Fugia…
Para os braços da longínqua ribeira,
A montanha,
Tal com ele,
Também não tinha alma,
Que alma… meus Deus!
Alma nenhuma,
Corpo algum
E ausente,
E fugia, e fugia da velha serpente,
E fugia sem saber que era gente.
Francisco Luís Fontinha – Alijó
Terça-feira, 16 de Junho de 2015