Sonhei com o meu túmulo,
Vi uma lápide embrulhada nas tuas lágrimas,
Recordei os entrelaçados dedos de Primavera
Nas arcadas magoadas do vento,
Não sabia que existiam nos teus lábios,
Poemas,
Amor,
Desejo vestido de paixão,
Mergulhava no teu corpo,
Transformava-me em espada,
Atingia-te o coração,
Encerrava-o,
Tinha-o em mim como se fosse a minha sombra,
Ténue,
Tão magra como as fotografias envergonhadas,
Não o sabia,
Vi,
Crescia,
Mentia…
Nunca te amei,
Apenas sentia o que via…
E nada via,
Sonhei com o meu túmulo,
Estava enfeitado com o pôr-do-sol,
Mergulhava,
E mentia…
Que te amava,
Nunca amei ninguém,
Amo as pedras
E as palmeiras da minha terra,
Amo as palavras do teu olhar,
Depois da partida do último comboio…
O mar,
Dentro do teu coração,
Um amontoado de ossos brincando com a poeira madrugada,
O meu corpo em cio,
Deitado ao teu lado,
E mais nada.
Francisco Luís Fontinha – Alijó
Segunda-feira, 29 de Junho de 2015