Escorrem no teu rosto
Todas as sombras das montanhas inanimadas,
Pego-te docemente
Como se fosses uma criança em tardes de brincadeira,
O colorido papagaio em papel,
O avião em cartão…
Sem local onde poisar,
Um dia coloquei o meu cigarro à janela,
Ardia enquanto as nuvens do silêncio
Argamassavam-se no teu peito,
Fugi,
Cerrei os olhos,
Sentei-me
E esperei que regressassem as paixões de iões
Que só tu conheces,
E falas,
E conversas…
Como se eles fossem uma raiz envenenada
Pelos insectos da madrugada,
Sem vida,
Sem uma cidade para deixares o jardim da tua infância,
Um nome,
Morada…
Ou lápide com asas.
Francisco Luís Fontinha – Alijó
Quarta-feira, 15 de Julho de 2015