Blog de Luís Fontinha. Nasceu em Luanda a 23/01/1966 e reside em Alijó - Portugal desde Setembro de 1971. Desenhador de construção civil, estudou Eng. Mecânica na ESTiG. Escreve, pinta, apaixonado por livros e cachimbos...

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Nunca soube quem eras, pertencias às tardes de espuma que brincavam no meu imaginado Oceano, a planície recheada de sombras e infindáveis gritos de geada contra os pinheiros em cartão, os corpos suspensos numa corda invisível, triste, nunca soube porque pertencias às fotografias poeirentas quando regressava o sonho, embrulhavas-te nos finos silêncios da vida, desenhavas a dor no esquecimento da alegria,

- A vida é uma corrente em aço sonolento, dizias-me enquanto eu lia AL Berto, pensava que me mentias apenas para me confortares, admiro a força das tuas palavras, as esplanadas junto ao Tejo, e eu

Mentia-te como te minto neste momento, sei que não acreditas em mim nem nos meus barcos embalsamados, querias a noite, e eu

- Desenhava a noite no teu peito,

Fugias de mim,

Acreditavas nas cidades incógnitas, não dormias porque não sabias se eu acordaria mais, acordei, chorei, amei, e caguei nas tuas mãos,

Fugias de mim, meu amor,

A noite levava-te para outro continente, vestias-te de chuva, na cabeça o sorriso da pura inocência que a madrugada deixava em ti, desenhavas a noite no meu peito, saltitavas nos meus lábios cerâmicos, enquanto te escrevo oiço o poema de AL Berto dedicado a Cesariny, “tão triste,

Mário!”,

- Tão triste esta alvorada sem identificação, e novamente, tu, a vida é uma corrente em aço sonolento, uma gaivota, um pedaço de maré assassinada pela ausência, a partida, sempre sem regresso, sempre tão simpática…

Boa noite…

- A vida…

Pode ser, qualquer coisa que me faça esquecer os dias, as noites e as máscaras do meu rosto.

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Domingo, 19 de Julho de 2015

publicado por Francisco Luís Fontinha às 00:02

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