Blog de Luís Fontinha. Nasceu em Luanda a 23/01/1966 e reside em Alijó - Portugal desde Setembro de 1971. Desenhador de construção civil, estudou Eng. Mecânica na ESTiG. Escreve, pinta, apaixonado por livros e cachimbos...

25
Jul 15

Vivíamos na sombra branca do hemisfério da loucura, sentia-te dentro do meu corpo, brincavas, imaginavas coisas, escrevias no meu pensamento,

- Deixa-me,

Não me conhece, sou um estranho com um coração em granito, sou um poço abstracto no fogo das borboletas, e esqueceu o meu nome

O amor,

- Deixa-me,

O meu nome penhorado a uma certa madrugada, fugiram as estrelas, as ruas, os nomes das ruas…

Ai o amor,

- Deixa-me…

O amor embaciado nas vitrinas esquecidas, os lábios do amanhecer pincelados de desenhos, luzes, o circo, o palhaço, o secreto poço-da-morte,

Perdoa-me, deixa-me navegar nos teus braços, deixa-me abraçar-te, beijar-te, e escrever no teu olhar

Amo-te,

- Deixa-me,

Amanhã o deserto crucificado pela neblina, o sono infinito nas águas salgadas, desfalecendo na tempestade, ai o amor, o triste amor, os cansados automóveis no enigmático corredor da roleta,

Cinco,

“Caralho… tinha o seis”…

Tudo,

Ai o amor,

Perdi,

Naquela noite sabíamos que a despedida era um rochedo embriagado, um barco ancorado, um magala engolido por um mochila recheada de pedras,

Sentido!

Sentido nenhum, palavra alguma, a janela parece uma gaivota envenenada pelo sol da madrugada, minto, finjo, e sinto-me

O algodão sangrento dos plátanos em dor, as pedras da calçada,

Calcinadas,

E sinto-me,

- Deixa-me,

Um abutre saltitando nos Oceanos fotográficos da solidão, calcinadas, as pedras da calçada, e sinto-me, um Cacilheiro enfeitiçado, uma lâmpada melancólica, uma âncora segurando os dias, as noites, as tardes,

Calcinadas,

Frágeis,

As tardes encharcadas, húmidos corpos de naftalina, olhar franzino, esqueleto em xisto, boca com acesso à cave,

Vende-se,

- Deixa-me… nesta lata,

Um abutre, frágeis e calcinadas, as manhãs, as estradas, e todas as palavras…

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

26/07/2015

publicado por Francisco Luís Fontinha às 23:59

Sinto em cada porta uma lágrima,

O grito dos cadáveres em cartolina cinzenta…

Embrulhados nas estrelas,

É tão pequeno o Universo,

É tão insignificante a vida,

E todas as palavras que escrevi,

Em vão…

Odeio esta cidade em ruínas,

E todos os barcos acorrentados a este edifício,

Sinto em cada porta uma árvore em direcção à morte,

Sinto em cada porta numerada...

Um marinheiros sentado à janela,

A luz ténue da esperança cessa em cada mão,

A noite não regressará mais a este corredor,

E a madrugada…

Um palhaço em vidro,

Um circo desesperado,

No medo,

No infinito coração das pétalas adormecidas,

Vagueio,

Deambulo como um soldado envergonhado,

Sem espingarda…

E há sempre em mim uma triste Calçada.

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

IPO – Porto, 25 de Julho de 2015

publicado por Francisco Luís Fontinha às 19:37

Digam-me o que é o amor?

Este corredor de esqueletos em papel,

Por favor… AL Berto!

Ama-me como amaste as palavras,

A cidade,

O silêncio em falsas telas,

As cores,

Enigmáticas,

Fantasmas sombras nos meus lábios embrulhados nas ruelas sem saída,

O teu corpo adormecido nas minhas mãos,

O amor,

A morte do amor,

Os tristes dias do amor…

Que eu perdi na infância,

Desenha-me meu amor

Nas tuas coxas nocturnas das fotografias embalsamadas,

Perdi o nome,

Sou um pedaço de cartão em fogueiras madrugadas,

Um falhado engate…

Que só tu consegues suicidar-me.

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

25-07-2015

publicado por Francisco Luís Fontinha às 10:00

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