Blog de Luís Fontinha. Nasceu em Luanda a 23/01/1966 e reside em Alijó - Portugal desde Setembro de 1971. Desenhador de construção civil, estudou Eng. Mecânica na ESTiG. Escreve, pinta, apaixonado por livros e cachimbos...

31
Ago 15

Tão só meu amor

Com este dardo de silêncio cravado no meu peito,

Ouvido o grito da madrugada

Embriagada pelo saber,

Escrevendo no teu corpo as palavras de envelhecer,

Tão triste meu amor

A manhã antes de acordar,

O soalheiro abdómen da sílaba embriagada mergulhando no suicídio,

O mar

Correndo nas tuas veias,

Circunferências de prata brincando nos teus seios,

Meu amor,

Tão triste estar só,

Tão triste sentar-me numa esplanada e perceber que estou só…

Eu e aminha sombra,

Imaginando o rio junto aos meus pés brincando com as minhas palavras,

Inventando crianças alicerçadas a um passeio da cidade imaginária,

Viver não vivendo as cúbicas gotículas de suor descendo o teu púbis…

Tenho medo meu amor,

Tenho medo de encerrar o meu coração

E fazer dele uma monta não acessível,

Tenho medo meu amor

De abraçar-te sabendo que não é possível abraçar-te…

Tão só meu amor

Com este dardo de silêncio cravado no meu peito,

Os engates fictícios num livro de ficção,

Um poema masturbado olhando um murro de xisto cansado,

E eu

Meu amor

Aqui… tão só… cansado,

Acaricio-te na tela da solidão,

Pego na tua mão,

Desenho os teus lábios no meu peito,

Aquele… cravado com um dardo de silêncio,

E nunca estou feliz

Meu amor,

E nunca estou vivo

Meu amor,

Pareço um petroleiro desajeitado não encontrado o Oceano da paixão,

Sou um marinheiro solitário,

De cachimbo na mão…

Gritando,

Meu amor

Meu amor,

O mar,

Correndo nas tuas veias,

A maré saltitando nos teus seios,

E sabes

Meu amor,

A prata é uma cânfora manhã desejada,

Envaideces-te e escondes-te,

Corres e não regressas mais à minha janela…

Porque não tenho casa…

Porque não tenho janela.

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Segunda-feira, 31 de Agosto de 2015

publicado por Francisco Luís Fontinha às 00:57

30
Ago 15

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Francisco Luís Fontinha - Agosto/2015
publicado por Francisco Luís Fontinha às 20:42

Não espero nada do próximo amanhecer,
Não sei se amanhã haverá amanhecer…
Não sei se estarei acordado para o ver,
No próximo amanhecer
Quero estar junto ao mar,
Desenhar na maré o rosto do silêncio,
E escrever,
Sentar-me sobre uma pedra imaginária,
Olhar-te sem te ver…
No próximo amanhecer,
Escreverei palavras no teu olhar?
Não o sei…
Não o sei sem sofrer,
Não o sei…
Não o sei sem te amar!

Francisco Luís Fontinha – Alijó
Domingo, 30 de Agosto de 2015

publicado por Francisco Luís Fontinha às 19:12

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 Francisco Luís Fontinha - Agosto/2015

publicado por Francisco Luís Fontinha às 12:13

29
Ago 15

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(desenho Francisco Luís Fontinha – Agosto/2015)

 

Deixou de habitar este corpo a paixão diabólica da alma sem destino,

Deixaram de escrever as palavras do vento estas mãos esfarrapadas,

Longínquas do olhar da madrugada,

O medo alicerça-se ao peito, as facas do silêncio grunham como as serpentes envenenadas pela noite,

O tédio quando esqueço a solidão e construo círculos de luz nos teus seios…

O teu corpo desabitado, encurralado nas cordas de nylon dos Oceanos mendigados,

E não consigo perceber o amor das flores desenhadas nos teus lábios perfumados,

Como nunca percebi o desejo em mim do estranho luar…

E este mar, meu amor,

Crucificado nas espingardas do coração abandonado,

Semeado nas searas do cansaço…

É triste, meu amor…

Deixar de habitar este corpo a paixão diabólica da alma sem destino,

É triste, meu amor…

Cair sobre mim o tecto do sofrimento junto ao Tejo,

E os Cacilheiros na minha boca… sufocando-me com o relógio enforcado nas pontes do Cacimbo fugindo do pôr-do-sol…

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Sábado, 29 de Agosto de 2015

 

publicado por Francisco Luís Fontinha às 19:29

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 Francisco Luís Fontinha – 29-08-2015

publicado por Francisco Luís Fontinha às 00:57

28
Ago 15

Renasço das sanzalas prateadas que alimentavam a tua voz,

Cresço nos teus braços, durmo sobre o teu peito, e indiferente à dor, sonho com os cinzentos esqueletos do capim adormecido,

Folheio os teus poemas, meu querido,

E sinto neles a morte do poeta,

E sinto neles a fuga para o infinito…

Que só a despedida consegue perceber,

Renasço…

Cansado deste barco sem comandante,

Renasço…

Cansado deste Oceano embriagado,

Infeliz,

Como infelizes são todos os teus poemas… meu querido.

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Sexta-feira, 28 de Agosto de 2015

publicado por Francisco Luís Fontinha às 21:59

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Francisco Luís Fontinha - Agosto/2015

 

publicado por Francisco Luís Fontinha às 19:29

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Francisco Luís Fontinha - Agosto/2015
publicado por Francisco Luís Fontinha às 00:20

27
Ago 15

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(desenho de Francisco Luís Fontinha – Agosto/2015)

 

Regressa o homem da “geada negra”,

Transporta no rosto o término do dia,

Prepara a bagagem para o passeio nocturno,

Pouca coisa leva ele…

Senta-se, puxa de um cigarro infeliz entranhado nas redes da paixão,

Acende-o, e imagina-se numa praia recheada de ninguém,

Desenha na areia a solidão da manhã,

Escreve na maré a desilusão da madrugada,

Não sabendo que a casa onde habitava… morreu,

Como morrem todas as casas,

Todos os livros

E todas as ruas da cidade imaginária,

 

Ouve um concerto de piano,

Pega no jornal… e depara-se com a sua fotografia na secção de… “desapareceu de sua casa…”,

Não acreditou,

Gritou,

Nem um pássaro para lhe afagar o cabelo,

Nem um barco para lhe enviar um simples “adeus”,

A vida comeu-o como ele comeu a vida

Estamos quites… “dizia ele”,

Nada devo à vida,

Nem a vida me deve nada…

Até que o relógio cessou de galgar as límpidas alvoradas de xisto,

E o homem da “geada negra”, hoje, dorme junto aos cardos abandonados.

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Quinta-feira, 27 de Agosto de 2015

 

publicado por Francisco Luís Fontinha às 20:33

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