Blog de Luís Fontinha. Nasceu em Luanda a 23/01/1966 e reside em Alijó - Portugal desde Setembro de 1971. Desenhador de construção civil, estudou Eng. Mecânica na ESTiG. Escreve, pinta, apaixonado por livros e cachimbos...

03
Ago 15

desenho_04_08_2015.png

 (desenho de Francisco Luís Fontinha)

 

Sabia que a Primavera terminaria brevemente,

As flores em papel que brincavam nas tuas mãos,

Cessaram…

Recordo os teus beijos junto a dois carris invisíveis,

Sabíamos que tínhamos um Cacilheiro em cada braço,

O cheiro do teu corpo voando no olhar dos marinheiros sem Pátria,

É triste o amor, meu amor…

É triste a tristeza, meu amor,

Como são tristes todas as palavras embrulhadas na solidão,

Meu amor…

 

Desenhei o teu rosto infinitamente nas lágrimas da noite,

Olhava-te,

E sentia o odor do teu cabelo nas réstias sombras da tinta embriagada pelo luar,

Morre a tela onde poisava o teu corpo de seara embarcadiça,

 

O Oceano entre quatro paredes,

Uma porta com fotografia para o rochedo da insónia,

 

… Meu amor, o que é a insónia!

 

Sabia que todas as luzes do eléctrico fugiram para um qualquer bar de Alcântara,

Os barcos na minha algibeira,

O silêncio junto à casa de banho…

E sentia-me um pedaço de vidro combatendo a morte,

Sabes, meu amor,

Desenhei a tua voz no meu peito cravado de palavras,

Nunca mias vi o mar…

 

Meu amor,

 

O sexo enlatado nos melódicos sons do vizinho do quarto esquerdo,

Range a cama,

Sinto a minha voz escondida no espelho da minha amante,

E meu amor,

Nunca mais vi o mar…

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Terça-feira, 4 de Agosto de 2015

publicado por Francisco Luís Fontinha às 23:44

desenho_03_08_2015.png

 (desenho de Francisco Luís Fontinha / 03-08-2015)

 

Sinto o Tejo cravado no peito,

Acaricio os cigarros olhando a ponte,

Pego na tua mão,

Permaneço secreto como os barcos que brincam nos nossos lábios,

Desenho beijos na face oculta do teu olhar,

E vejo a alegria entranhada nos teus cabelos,

Sinto o Tejo cravado no peito,

A paixão esperando o regresso do vento,

As palavras deixaram de habitar as cartas envidraçadas,

Cerrei todos os livros,

E todas as madrugadas,

Hoje, és uma rua deserta,

 

Perdida na cidade…

Sem nome,

Sem nada…

Sofro,

Tenho no rosto as lágrimas argamassadas da fuga,

Quero fugir,

Sem rumo,

Procurando o Tejo cravado no peito,

 

Ou pegar na tua mão…

 

Sem jeito,

 

Sem Tejo cravado no coração.

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Segunda-feira, 3 de Agosto de 2015

publicado por Francisco Luís Fontinha às 00:05

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