Voltarei
Um dia
A este porto de náufragos imaginários,
Venderam os ossos à escuridão
Trocaram a alegria pela tristeza…
E parecem tão felizes como eu,
Desenho-os na minha mão
Enquanto lá fora
Lágrimas em papel caiem sobre a calçada íngreme da solidão,
Sofro
E tenho medo da paixão,
Voltarei
Um dia
A este porto de náufragos encalhados na fina insónia do corpo,
Saberei porque durmo nesta cama de água salgada…
Saberei porque vivo nesta roldana enferrujada pelas nuvens da manhã,
Ao acordar,
Não estás,
Pertences aos ventos do Tejo…
Entre um beijo de despedida
E petroleiros acorrentados aos jardins de Belém,
Voltarei
Um dia
E este porto…
Só
Sem ninguém,
Voltarei
Um dia
Sem saber o significado de regressar aos teus braços,
Esqueci o odor do teu perfume,
Esqueci a fúria do teu ciúme…
E esqueci a janela do teu olhar
Diluída numa folha amarrotada pelas montanhas da saudade…
Voltarei
Um dia
A este porto de náufragos...
Sem remetente,
Ausente de ti.
Francisco Luís Fontinha – Alijó
Terça-feira, 18 de Agosto de 2015