Não há drageia
Nem poesia que me valha,
Entrelaçávamos as mãos nos infinitos Oceanos de luz,
Caminhávamos como crianças sobre as pedras invisíveis da carícia,
E tu olhavas-me quando eu ficava transparente,
Simples,
E ausente,
Voava abraçado às gaivotas,
Fotografava com o meu olhar os barcos de papel
Em velozes corridas contra o vento,
Um dia, despareci da tua sombra…
Subi os degraus do desejo,
Alicercei-me às tuas coxas salgadas…
E sentia os teus ossos na margem do rio onde nos sentávamos,
Tive medo,
Porque descia a noite sobre os nossos ombros,
E quando acordava a noite…
Ficávamos agachados junto aos beijos hipnotizados,
Dormíamos,
Dançávamos à janela com retractos para o Tejo,
A ténue velhice levava-nos para as ilhas rochosas da solidão,
Hoje…
Pareço um pedaço de aço
Esquecido numa qualquer sucata,
E espero,
E espero o regresso do forno…
E novamente serei um esqueleto nas mãos dos infinitos Oceanos de luz,
E espero… espero pela tua mão iluminada.
Francisco Luís Fontinha – Alijó
Quinta-feira, 20 de Agosto de 2015