Pedido nesta avenida
Recheada de cacos e velharias,
Mendigando palavras,
Fumando cigarros imaginários,
Perdido,
Achado,
Escrevendo no teu rosto poemas envergonhados
Que só tu
Consegues perceber…
A vida parece um carrossel enferrujado,
O teu corpo fundeado no meu peito
Como se fosse uma serpente de tristeza,
Perdido,
Achado,
Na algibeira alguns sorrisos de riqueza…
Mas tu sabes que nunca quis ser rico,
Mas tu sabes que nunca quis ser nada…
Apenas me apete estar qui,
Sentado,
À tua espera…
Como um barco que regressa do Ultramar
Trazendo gaivotas
Caixotes poucos…
E recordações em pedaços de papel,
Perdido nesta avenida
Recheada de insónia
E sonhos inventados por uma criança,
Hoje, hoje aqui sentado…
Espero-te sem saber se vens
Ou se pertences às lápides da madrugada,
Não me importo com as fotografias rasgadas
E deixadas nos braços do vento…
Perdido,
Achado,
Aqui… como um rochedo sem coração.
Francisco Luís Fontinha – Alijó
Sábado, 22 de Agosto de 2015