Palavras para o amor
Que ama as palavras,
Os beijos incendiados nos lábios das estátuas,
Os cabelos dançando no jardim coberto de espuma,
Os bancos em madeira sentados sobre os meus joelhos,
E ao longe, o silêncio do desejo construindo lágrimas de algodão…
Sinto nas minhas veias a esfera da saudade
Caminhando sobre uma lâmina de cartão,
É tão triste esta cidade,
É tão triste a solidão,
Palavras para o amor
Que ama as palavras,
As belas, as belas e todas as outras… belas,
São palavras,
São elas que me alimentam e iluminam quando regressa a noite do teu olhar,
São elas que me abraçam quando o vento bate no meu peito…
Alicerçam-se a mim,
E eu, e eu fico sem jeito,
Só, só neste jardim,
Eu, os bancos em madeira e as estátuas de alecrim…
E no final da tarde tudo é embrulhado no mar,
Zarpamos em direcção ao infinito,
Bebemos copos de sofrimento
Para não enjoarmos…
E esta ondulação enlouquece-me,
E faz deste barco uma jangada de tédio…
Francisco Luís Fontinha – Alijó
Segunda-feira, 24 de Agosto de 2015