Desenho o sono na almofada do sofrimento,
Pego nos sonhos…
E espalho-os sobre a areia límpida da terra queimada,
Que saudade do cheiro da infância
Correndo no Mussulo,
Que saudade da chuva e do cacimbo…
As mangueiras voavam sobre mim,
Inventava palhaços de pano e triciclos de papel,
O vento embrulhava-se neles,
Eu acorrentava-me às mãos do silêncio,
Desenho,
Desenho o sono na almofada do sofrimento,
Pego nos sonhos…
E escrevo-te estas palavras que roubei às tuas fotografias,
Depois veio a tempestade,
O sono que era apenas um desenho, hoje, hoje é um amontoado de destroços baloiçando no mar,
O barco que nos trouxe morreu,
Os marinheiros, alguns, alimentam-se da sombra num qualquer engate na cidade das gaivotas,
Os cigarros do Tejo… esperam o meu regresso,
E um dia, e um dia regressarei aos teus braços, meu amor.
Francisco Luís Fontinha – Alijó
Terça-feira, 25 de Agosto de 2015