Sentíamos a liberdade do vento dançando sobre os nossos corpos em desejo,
Um sótão recheado de livros gemeia, e da janela ouviam-se alguns sussurros insolentes, tristes, como serpentes mergulhando no peito da noite,
O rio que caminhava nas nossas veias saltitava nas luzes do prazer,
Uma clarabóia em delírio alicerçava-se aos teus seios, olhava-a, e via o luar em lágrimas, como se fosse esta a nossa última noite,
Amanhã não vens, e nunca mais existiram fotografias minhas no espelho da paixão,
Morri,
Não o sei…
Ou… ou talvez não,
Deixei de sentir a liberdade,
Deixei de pertencer aos sonhos em papel químico, e hoje sou apenas uma sombra escondida nas coxas do poema,
Senti, vivi o teu corpo misturado nas marés cinzentas da madrugada,
Não sei, meu amor,
Não sei se voltarei a olhar-te…
É que os meus olhos cerraram-se e apenas consigo imaginar os barcos agachados no Oceano amanhecer.
Francisco Luís Fontinha – Alijó
Terça-feira, 22 de Setembro de 2015