Blog de Luís Fontinha. Nasceu em Luanda a 23/01/1966 e reside em Alijó - Portugal desde Setembro de 1971. Desenhador de construção civil, estudou Eng. Mecânica na ESTiG. Escreve, pinta, apaixonado por livros e cachimbos...

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Out 15

Tenho no peito o cansaço da manhã ensanguentada,

Semeio as palavras como se elas fossem sementes,

Cubro-as para as proteger da geada,

Falo-lhes, acaricio-lhes o cabelo com desenhos de serpentes…

Sento-me, e espero que acorde a madrugada,

Amanhã crescerão e nascerá um louco livro de poemas,

O meu livro, o meu filho, a minha alegria,

Fumo-as enquanto crescem,

Fumo-as enquanto ejaculam a triste poesia,

Ai… ai como eu queria…

Abraça-las como se fosse o amor da minha tarde junto ao rio,

E só de pensar que elas me esquecem,

Como me esqueceram todas as palavras que semeei…

Desenhei nos teus lábios,

Cantei nos teus beijos,

Entre gemidos e desejos,

Entre silêncios e sábios…

E perplexos adágios.

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Sábado, 24 de Outubro de 2015

publicado por Francisco Luís Fontinha às 21:08

Todos os corpos são frágeis quando a mendicidade do desejo assombra a melancolia, nunca consegui perceber a loucura da paixão, o silêncio, a acto de permanecer suspenso nas tuas palavras, os teus beijos aprisionados, a tua boca penhorada aos meus lábios, quando percebo que na tua mão habita a saudade, o perfume da esperança e a liberdade,

Comes-me, meu amor,

Carnívoro sonho, peneirento abismo nas carcaças devoradas pelos abutres, obrigado, de nada, sempre às ordens do cansaço, meu amor, reconhecer a saudade do Inverno de ontem, à noite, meu amor, um pilar se sémen conquistando o embuste magnético da madrugada,

Todos os corpos, meu amor,

Ossos, envenenados orgasmos entre palavras e palavras não palavras, escondo-me, meu amor, escondo-me no teu púbis de granito, desapareço na tua vagina, abro a janela… olá, bom dia hoje dormi mal, quase

Todos os corpos,

Quase mergulhei no texto da infância, e pergunto-me… quem vai ler esta “merda” ou gostar desta “merda”, ninguém, claro, meu amor…

 

(ficção)

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Sábado, 24 de Outubro de 2015

publicado por Francisco Luís Fontinha às 12:06

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