Esqueci-me de amar-te
No esconderijo da noite
Dormias nos meus braços
Como dormiam os vampiros das searas envenenadas
Pegava na tua mão
Alicerçava-me a ela como se fosse uma âncora invisível
Para me aprisionar
Sempre
Eternamente sempre
E esqueci-me
Do esconderijo
Que habitava a noite
Amava-te sem o saber
Sabendo que te amava
E dormias
E pegavas na minha mão…
E sempre
Amanhã
Depois de amanhã…
O amor encastrado na montanha da solidão
Tinhas as pálpebras em combustão
Tinhas o silêncio suspenso nos teus lábios
E um beijo acordava na claridade do desejo
Sou um pedinte diplomado
Que não se cansa de encontrar o amor na madrugada
Quando há madrugada
Quando há o amor
O amor da madrugada
Sentias, acredito que sentias os meus olhos nos teus olhos,
Cegos
Esperando o regresso do alpendre abandonado
O mar
O mar, meu amor, dançando nas tuas coxas,
Saltando os muros de xisto da paixão
Que divide o prazer da ilusão
Amanhã
Depois de amanhã…
O amor ancorado aos insignificantes corpos de desilusão
O mar
E o amar
No sono da lentidão.
Francisco Luís Fontinha – Alijó
Quarta-feira, 28 de Outubro de 2015