Blog de Luís Fontinha. Nasceu em Luanda a 23/01/1966 e reside em Alijó - Portugal desde Setembro de 1971. Desenhador de construção civil, estudou Eng. Mecânica na ESTiG. Escreve, pinta, apaixonado por livros e cachimbos...

09
Nov 15

sentir que aos poucos o teu corpo se despe de mim

e se despede em frente à mórbida madrugada

sentir que perdi as estrelas e as palavras

o sorriso

e a alvorada

dentro de um pequeno livro

tão fino como a tua pele desnuda

em pergaminhos desejos

o sorriso

e os beijos

e a alvorada

sentir que aos poucos

eu

não sou nada

como os outros

os que habitam as prateleiras dos sonhos

que vão procurar na insónia

a solidão

e o esquecimento

desse corpo

meu

despedido

despido

arrependido e suspenso no céu…

as cordas do inferno acreditando na misera gratidão

sentir que sim

sentir que não

sou

capaz

sentir que não sou capaz de despedir-me desse corpo camuflado numa qualquer sanzala

entre zinco e sombreadas flores

entre cigarros e pontes de luz

e belos amores

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

segunda-feira, 9 de Novembro de 2015

publicado por Francisco Luís Fontinha às 22:26

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