Blog de Luís Fontinha. Nasceu em Luanda a 23/01/1966 e reside em Alijó - Portugal desde Setembro de 1971. Desenhador de construção civil, estudou Eng. Mecânica na ESTiG. Escreve, pinta, apaixonado por livros e cachimbos...

29
Nov 15

Estou só

Neste labirinto de lágrimas salgadas

Sento-me e espero o regresso do teu olhar

Que vem do outro lado do Oceano

Trazes-me o sonho e a saudade dos musseques sombreados

Trazes-me a voz e o desejo

E eu sentado nas asas em papel que inventaste apenas para mim

Olho-as e vejo nelas a desfocada imagem do teu olhar entre os parêntesis da saudade

Uma criança entre baloiços e sobejantes sorrisos prateados

Espera-te junto a um portão imaginário

Entras

Ela abraça-te e afogas o cansaço do dia na minha face

 

Não tenhas medo do mar

Nem dos barcos invisíveis

Não tenhas medo das árvores

Nem dos pássaros amestrados que brincam nas mangueiras

Desenha na terra húmida os círculos os quadrados e os triângulos da alegria

Depois vais conhecer o amor

E a paixão de amar

E a solidão do amanhecer

Estou só

Neste labirinto de lágrimas salgadas

E pareço um marinheiro aportado em Cais do Sodré…

Vendendo insónia e coisas enigmáticas de chocolate.

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

domingo, 29 de Novembro de 2015

publicado por Francisco Luís Fontinha às 20:22

A tua ausência alicerça-se ao meu coração, penso em ti meu querido, recordo-me da tua mão entrelaçada na minha, víamos os barcos, brincávamos nas areias brancas do Mussulo, e perguntava-te

Porquê pai,

E perguntava-te a razão da saudade embainhada nos livros não lidos, e perguntava-te quando partias… e tu, e tu sorrias… sabias que partias, mas nunca mo disseste, covarde, medo de partires sem me avisar, isso não se faz, meu querido

Sentia a tua voz poisada nos meus ombros, pedia a Deus, eu teu filho Ateu, que me desse todas as forças possíveis e imaginárias para te proteger, desculpa, não fui capaz, também eu um covarde diplomado, poeta, sentinela da noite,

Isso não se faz, vais, não voltas, e deixaste de conversar comigo, covarde, partiste sem me avisar, foste, amanhã, amanhã nada, nunca, nunca acreditei na tua covardia, mas traíste-me

Foste, nada me disseste, deixaste-te ir… eu vi-te, lembras-te, meu querido,

Amanhã, meu filho,

Amanhã, amanhã meu querido…

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

domingo, 29 de Novembro de 2015

publicado por Francisco Luís Fontinha às 13:08

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