A noite despe-se sem saber que o dia ainda não terminou
Acendem-se as luzes do sonho
Inventam-se as sombras do amanhecer
Vem o luar
E esta cidade onde habito…
Mais parece uma montanha a arder
O cheiro do carvão
As palavras do homem que corre as ruas em busca de solidão
E a tristeza
E a tristeza sempre alicerçada à mão
Como se trouxesse uma caneta invisível
Escreve nas paredes
Nas árvores
E nos cinzentos beijos da insónia
A noite
Louca
De paixão
Não dorme
Não revindica a alegria
Nem as fogueiras da madrugada
A noite despe-se
Sem saber
Que um dia
Que um dia a tempestade há-de regressar…
E do sonho acordará a morte.
Francisco Luís Fontinha – Alijó
segunda-feira, 14 de Dezembro de 2015