(ao meu pai)
Hoje acordei acreditando que existias
Meu verso complexo
Das tardes tardias,
Hoje acordei acreditando que vivias…
Mas os parágrafos das sinfonias
Adormecendo nos meus lábios,
Hoje sabias que eu regressava,
E, no entanto, ignoraste-o,
Esqueceste-te das minhas palavras,
Das minhas flores recheadas de palavras,
Das minhas palavras recheadas de flores,
Hoje acordei pensando que era dia do Pré…
Nem Pré nem amendoeiras em flor,
Hoje, hoje é o dia do sofrimento,
A amargura transformada de claridade,
O dia morto,
Dentro do caixão do relógio…
Na clandestinidade,
Hoje acordei, meu amor, amor nenhum,
Sou um Plátano centenário esquecido num qualquer cemitério…
Sou cinza
E pó,
Sou pó
E cinza,
Brincando na sanzala do sorriso…
Francisco Luís Fontinha – Alijó
Terça, 29 de Dezembro de 2015