Clarissa, meu amor, viver nesta quinta é um pesadelo, sempre a olhar o rio, sempre o rio a olhar para mim, como se eu fosse um sem-abrigo, um “cabrão” diplomado, de fato e gravata, engatando gajas em Cais do Sodré,
E tu, meu amor, Clarissa, sabes que a minha vida está por um fio, esta maldita doença levar-me-á até aos teus braços, aos teus beijos, e esta maldita
Levanto-me, olho-me no espelho encurralado na insónia o meu rosto de cadáver, sinto muito, morreu…os dias despidos nas aventuras das tuas coxas, os dias libertos da prisão do Adeus, ontem, sabes, meu amor, Clarissa? Apaixonei-me pela razão, e sabes, meu amor, Clarissa, tu pertences aos pássaros do meu jardim,
E esta maldita morte que não me larga, três drageias ao pequeno-almoço e uma ao deitar… amanhã está como o aço,
Enferrujado, penso como se estivesse a conversar de futebol com o Joaquim, sempre o melhor, e eu que detesto futebol, e eu que detesto futebol… se fossem gajas de Cais do Sodré?
(ficção)
Francisco Luís Fontinha – Alijó
Sábado, 16 de Janeiro de 2016