Blog de Luís Fontinha. Nasceu em Luanda a 23/01/1966 e reside em Alijó - Portugal desde Setembro de 1971. Desenhador de construção civil, estudou Eng. Mecânica na ESTiG. Escreve, pinta, apaixonado por livros e cachimbos...

19
Fev 16

Ao incenso amor

A paz e o descanso eterno,

Os beijos prometidos pela paixão

Encarnados no inferno,

O teu olhar

Recheado de lágrimas,

Ao incenso amor

O fraterno amanhecer

Quando a esperança cessa de viver,

E ao longe

O mar galga as tuas coxas madrugadas,

Entre ruelas e calçadas

Perdidas nesta triste cidade fantasma…

 

Francisco Luís Fontinha

sexta-feira, 19 de Fevereiro de 2016

publicado por Francisco Luís Fontinha às 22:41

18
Fev 16

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“Poemas Perdidos”
Formato: 16 cm x 23,50 cm
ISBN: 978-989-680-167-0 / Data de Publicação: Fevereiro de 2016
PVP: 10,90 euros / Encomendas: fontinha_francisco@sapo.pt

Envio à cobrança.

 

publicado por Francisco Luís Fontinha às 11:13

17
Fev 16

Despeço-me de ti, meu amor,

Não me apetece levar nada, mas terei de levar alguma coisa…

Despeço-me de ti como se fosse para uma viagem infinita,

Sem regresso,

Levarei na bagagem lágrimas

E um pedacinho do Tejo…

Os apitos dos Cacilheiros

E as gaivotas que transportas no teu olhar,

Despeço-me de ti, meu amor, sem chorar,

Como se eu não pertencesse ao teu corpo

Nem tu à minha vida,

Apenas levarei a noite para me acompanhar

E sorrir na despedida!

 

Francisco Luís Fontinha

quarta-feira, 17 de Fevereiro de 2016

publicado por Francisco Luís Fontinha às 22:52

16
Fev 16

Debruçávamo-nos sobre o poço da insónia junto ao quintal,

Sabíamos que tínhamos uma viagem para alimentarmos a alma,

E nenhum de nós se aventurou,

Olhávamos os sorrisos da morte…

E os pregos do inferno,

Estávamos acorrentados ao desejo

Como duas loucas gaivotas poisadas no mastro de um barco,

Flutuávamos no infinito da solidão

Sem percebermos que do outro lado do rio

Um cais nos esperava,

Cordas,

Âncoras de amanhecer com odor a nostalgia,

O silêncio das garças embainhado nos nossos corpos suados

Como bandeiras por hastear…

Baloiçando o amanhecer,

Comendo pedacinhos de sol e algumas flores adormecidas pelo frio,

Tínhamos na algibeira o rochedo dos sonhos

Que todas as manhãs nos acordava,

Tínhamos nas mãos as pétalas em papel dos lábios de uma cegonha,

Envergonhada às vezes,

Atrevida, outras,

Debruçávamo-nos sobre o poço da insónia junto ao quintal,

E assim ficávamos até voarmos em direcção à montanha…

 

Francisco Luís Fontinha

terça-feira, 16 de Fevereiro de 2016

publicado por Francisco Luís Fontinha às 20:53

15
Fev 16

As lágrimas envergonhadas

Do silêncio anoitecer

O cansaço da vida

Viver

Sem viver

Sentado nesta triste esplanada

Sem fotografia para o mar

Sem fotografia para o escurecer

Do silêncio anoitecer

O cansaço da vida

Viver…

Sem ser visto

Junto ao pôr-do-sol…

E escrever

Escrever no teu olhar

O poema do morrer

Aos poucos

Devagarinho

Como um passarinho ao acordar

Saltita na árvore dos sonhos

Brinca na eira dos desejos…

E as lágrimas envergonhadas

Prisioneiras nos invisíveis beijos.

 

Francisco Luís Fontinha

segunda-feira, 15 de Fevereiro de 2016

publicado por Francisco Luís Fontinha às 22:44

14
Fev 16

A via não regressa mais aos teus braços, meu amor, sentíamos os gonzos da insónia acorrentados aos nossos lábios, o dia consegue alimentar-se das ardósias sonsas do olhar, a noite envergonha-se nos nossos medos, de amar, ser amado, amarmo-nos sem percebermos que amanhã o amor é uma lápide de lágrima, tive um sonho esta noite, estávamos sentados na saudade

Saudade, meu amor? Sim, sim meu amor, sentados na saudade, as cancelas da morte entreabertas, sentados na saudade,

Amanhã, meu amor, os pássaros brincando na janela virada para a Quinta, ao fundo o Rio, o Douro envergonhado galgando os socalcos do desejo, a vida

Não, não regressa mais aos teus braços

Meus amor?

Sim, claro, amanhã, amanhã sentiremos o odor dos sufixos aprisionados ao Dicionário da paixão, a encosta, o medo de perder-te, meu querido, enquanto lá fora a noite vomitava fotografias da tua infância,

Saudade?

Os brinquedos, os primeiros beijos e cartas de amor, o papel, os poemas em pequenos suicídios, milímetros de suicídio, aos poucos, a partida, o Adeus, a brincadeira,

Não, não meu amor, amanhã não

Não consigo absorver-te como te absorve a noite, as laminadas fragâncias enferrujadas no cabelo da invisível maré de Azoto,

Saudade?

Os brinquedos

Saudade, das vitrinas cobertas de sono, os bonecos e bonecas visíveis nas vitrinas cobertas de sono, e a saudade regressava como um apito, a dor, o sofrimento, a morte…

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

domingo, 14 de Fevereiro de 2016

 

in “Amargos lábios do poema”

publicado por Francisco Luís Fontinha às 01:17

13
Fev 16

A noite desesperada

No labirinto da palavra

Todas as flores do teu jardim

Assassinadas pelo coração do poema

Absinto

O mínimo tempo consagrado aos insectos

Que poisam no teu olhar

Imaginávamos o silêncio

Nas treliças da saudade

Sempre em desespero

Neste labirinto de espuma

Camuflada pelas mandibulas do cansaço

O louco sorriso

Nas avenidas do sofrimento

Que absorvem a cidade do medo

O teu corpo disperso na escuridão

Descendo do luar

Até à minha mão

(A noite desesperada

No labirinto da palavra

Todas as flores do teu jardim)

Mortas

Trémulas segurando uma velha esferográfica

Escrevia em ti o sentido lapidar da timidez

Como um rochedo de insónia

Navegando no Oceano

A morte

Vivida a cada segundo de luz

A morte

Vivida a cada milímetro de tristeza

E voava nos teus braços

E voava nas tuas coxas

Até adormecer junto ao mar

A noite

O labirinto da palavra

Despedindo-se das uniformidades da sentença escrita

Morte

Até que as lágrimas se transformavam em flores assassinas

O dia inventado nas pequenas limalhas do desejo

Acordávamos sobre os lívidos secretos da angústia

E terminávamos nos limos do corpo

Desejado

Indesejado

Do corpo

No corpo

Do majorado envenenado

Observávamos as gaivotas construídas no papel pelas mãos do pôr-do-sol

E nada mais tínhamos nas veias

Apenas sangue sofrido

E pedacinhos de areia…

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

sábado, 13 de Fevereiro de 2016

publicado por Francisco Luís Fontinha às 22:34

12
Fev 16

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103 com vista para o mar

 

No corredor aglomerados de aço

Cadáveres de barcos

Braços

Sombras de amor embalsamadas

Passeando na réstia manhã adormecida

Lá fora o mar entranhado nas ervas esquecidas pelo Criador

Chove

Há nas quatro paredes invisíveis

Gotículas de uma lágrima sem nome

Em direcção ao infinito

Os gemidos

A fome disfarçada de noite

Lá fora o mar

Pintado no térreo pavimento da dor

Não há palavras

Poemas

Textos

Nada

Nada

No corredor

Aglomerados

Aço

Enferrujado

Velho

Sem saber a que cidade pertence

A idade

A idade em corrida

Tropeça na Calçada

Dorme

Acorda

E finge…

Finge não ter medo da madrugada.

publicado por Francisco Luís Fontinha às 20:39

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http://www.bertrand.pt/autores/autor?id=3505013

publicado por Francisco Luís Fontinha às 19:21

09
Fev 16

A álea manhã ensanguentada

Fugindo da madrugada,

Das sílabas amargas do poema inacabado

Suspenso na esquina da avenida na cidade inseminada,

O cansaço coração repatriado

Descendo a montanha salivar,

O visitante perdido

Procurando os lábios da paixão

Que só ele sabe desenhar,

O poder da morte brincando no mar

Arrastando barcos para a destruição…

Um cigarro esquecido na mesa-de-cabeceira,

O silêncio à volta da ribeira…

Correndo para o rio dos murmúrios,

Um pedaço de terra que chega

E sobra

Para cobrir o olhar da serpente,

A álea manhã ensanguentada

Fugindo da madrugada,

As fotografias da solidão

Dentro de um pequeno livro,

Procura-se o alívio

E o repouso do tempo monstruoso…

E a álea manhã

Sentada à janela,

Em gritos espasmos

Revolta-se contra o desleixo da noite,

O ciúme envergonhado

Na lápide do artista,

As palavras ternas na mão do viajante,

Fugindo da madrugada

E da gente,

Como nós defuntos

Abraçados aos rochedos da saudade…

Outro cigarro,

Outra morada anónima,

O machibombo engasgado nos alicerces da picada,

Não me apetece olhar-te,

Não me apetece alimentar-me da tua ausência,

E a álea manhã

Sempre pronta para me acorrentar

Ao peito da madrugada…

 

Francisco Luís Fontinha

terça-feira, 9 de Fevereiro de 2016

publicado por Francisco Luís Fontinha às 22:21

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