Morro, sobre o incandescente teu peito.
Abraças-me como se esta fosse a minha última morada, mas não o é…
Tenho casa, cama, roupa lavada e livros, nada mais do que isso,
Engano-me quando acordo e sinto o teu rosto na minha mão, sorrio, alegro-me quando os teus lábios se prendem nos meus, não importa quem sou.
Sou eu.
Preciso de ti, bailarina dos labirintos da manhã, preciso de ti como preciso de oxigénio para sobreviver nesta selva de levianos lençóis de prata,
Sobrevivo, sobrevivo a este cansaço, a esta dor provocada pela tua ausência,
O frio enroscava-se nos teus braços, iluminavas-me até regressar ao meu leito, de marinheiro desempregado, sem mar, sem barco…
Escondo-me em ti.
Preciso de ti como os livros precisam das palavras, minhas, tuas, deles, é-me igual; a gaivota do teu desejo.
Morro, sobre…
Abraças-me nas cansadas noites de desejo, repetidamente… DESEJO
Poisava em ti, caminhava sobre os teus seios, veleiro da alvorada, triste e só,
Esta dor, este cansaço sofrido dos dias embriagados,
E das manhãs sonhadas pelo ausente.
Vivo, incandescente sorriso, olhando-te como uma fera doirada,
O invisível inclinado púbis que só a paixão conhece, amanhã não sei,
Amanhã, esperarei por ti, preciso das tuas palavras obliquas, das tuas equações de amor, e rectas vazias da tua vagina.
Francisco Luís Fontinha
Sábado, 30 de Abril de 2016