Sei que nas tuas mãos existe a paisagem do amanhecer,
As plantas e as árvores do meu jardim brincam no teu olhar
Como se o teu olhar fosse um parque infantil,
Um momento de lazer…
Tenho dúvidas se a Primavera já acordou,
Sinto uma enorme tristeza no meu peito,
Um sufoco, o medo de me perder nos teus braços.
Lá fora o ruído do costume,
O vizinho conversando com os cães,
Os cães latindo em minha direcção,
E eu incapaz de os silenciar…
Nada deve ser silenciado,
Nem os meus sonhos,
Nem a noite que me ilumina
E transporta para a cidade do rio imaginário…
O dia despede-se de mim,
Aos poucos, eu, eu despeço-me de ti,
Até que nunca mais haja dia, noite, ou tu…
Ou tu te disfarces de poeira…
E poises nos meus ombros sombreados de saudade.
Francisco Luís Fontinha
sábado, 14 de Maio de 2016