Não tenho pressa de caminhar,
Sento-me ao teu lado,
Pinto nos teus lábios o mar,
Escrevo no teu corpo o poema envenenado…
Acabei de desligar a luz da paixão,
Com a crise não há dinheiro para nada…
Precisava de novos cortinados,
Um par de calças ou uma camisa,
Talvez um novo coração,
Porque este, meu amor, já pertence à madrugada,
Onde habitam os braços apaixonados,
E silenciam a benigna brisa,
Nunca disse a ninguém que os teus abraços morreram junto ao rio das gaivotas,
Quando pintávamos barcos ao pôr-do-sol… e descia a noite vagabunda,
Marés de cio invadiam o teu olhar,
E eu forçosamente escondia-me num qualquer Cacilheiro…
Pétalas mortas,
O amor desfeito em lágrimas de amar,
Porque não tenho pressa, meu amor,
Não tenho pressa de caminhar…
Nem flor para de presentear,
Sento-me ao teu lado,
Pinto nos teus lábios o mar,
Que hoje é o meu lençol nocturno do medo…
Francisco Luís Fontinha
quinta-feira, 19 de Maio de 2016