todos as noites me sento nesta cadeira sem dono
enquanto não regressa o sono
vou rabiscando qualquer coisa na mão
uma leve brisa guia os barcos até aos meus sonhos
onde poisam lentamente noite adentro
hoje sei que não vou sair daqui
hoje… hoje vou dançar ao som das tormentas
e dos castiçais de prata
que brincam dentro deste velho casebre
iluminado pela paixão
incendiado pelo teu perfume invisível
que a madrugada há-de comer
o derradeiro pequeno-almoço do amanhecer
até que vem o sono
me deito sobre a cama
e invento apitos
e invento gaivotas em papel…
aos gritos
Francisco Luís Fontinha
terça-feira, 24 de Maio de 2016