Sem tempo. Morro acreditando na serpente do movimento,
Que invade o silêncio do corpo.
Esqueço-me de mim,
Esqueço-me de ti…
E das tardes junto ao rio,
Sou o profeta do abismo,
O cansaço da tristeza…
Sem tempo.
Sem tempo alicerço-me à tua mão
Regressando de um outro poema não escrito por mim,
A tarde rompe a poeira do teu olhar,
Poisa cuidadosamente no teu peito…
E eu,
E eu fico sem saber se amanhã haverá estrelas no teu sorriso,
Porque o Universo cessa de chorar,
E dentro de ti,
Profundamente no poço da amargura,
As lágrimas do mar.
Cerro os olhos e finjo a morte do poeta sem ninguém…
Aflito enquanto a noite se aconchega na parede do amor,
Como uma tela aprisionada à manhã sem nome.
O eco dos teus anseios perfilados na escuridão,
Uma palavra em transe,
Senta-se no limite da paixão…
Sou tão feliz… sou tão feliz meu amor…
Francisco Luís Fontinha
quinta-feira, 2 de Junho de 2016