há uma caverna de cinza nas tuas palavras,
o silêncio amarga os dedos do sofrimento,
e o vento se alicerça nos teus lábios,
de graça,
vem de longe a barcaça…
com os meus restos mortais,
há uma casa abandonada,
onde habita a escuridão dos dias adormecidos,
e os bandidos vivos saboreando uma esplanada,
as ruas envenenadas,
as trôpegas pedras das calçadas,
que só eu consigo alimentar,
há uma caverna,
há uma casa…
de cinza
de prata…
há no teu cabelo um chapéu de lata…
com a sanzala dos meninos envergonhados.
Francisco Luís Fontinha
domingo, 19 de Junho de 2016