vadios lábios
que a porcelana inventa
nas manhãs sem madrugada,
minha garganta degolada
pelas lâminas do xisto amanhecer…
o meu corpo lamenta
o silêncio de envelhecer
sem acreditar nas palavras de escrever,
vadios lábios
filhos da noite envenenada…
a corda suspensa numa árvore abandonada
alicerça-se ao meu pescoço…
e sou fatiado pela alvorada…
na tua boca enrolada
a língua artificial da pobreza
que vive e alimenta o meu olhar,
o orvalho sobre a mesa…
e dos pratos vazios… a sopa que traz o mar
e os barcos da tarde magoada…
e sou fatiado pela alvorada…
Francisco Luís Fontinha
quinta-feira, 21 de Julho de 2016