menino rabelo
galgado o rio até ao mar,
traz nos lábios a saudade
e nas mãos palavras de amar,
desembarca na cidade
com dois caixotes em madeira…
menino rabelo
que se deita junto à ribeira…
descalço e sem vaidade
o menino abraça-se à madrugada
como uma barcaça assombrando a alvorada,
menino rabelo
galgando socalcos de papel
e rochedos de cartão…
menino sem destino
que transporta no coração
um livro de mel,
menino rabelo
menino sem medo
das falanges de poeira…
menino que acorda cedo
o menino rabelo
menino que brinca na eira.
Francisco Luís Fontinha
domingo, 24 de Julho de 2016