O sonho morre nas mãos do luar,
A insónia do meu peito, arde nos teus olhos,
E do sonho, pequenos panfletos de areia… voam em direcção ao abismo,
O papel onde escrevo alicerça-se aos teus lábios,
Fico sem palavras, também morro nas pétalas do sonho…
Fixando no olhar a tristeza do mar,
Assassino os meus dias com as pedras da solidão,
Cravo espadas na sombra da noite, como um pedestal apaixonado,
Louco,
O sonho morre,
Como eu…, aos poucos dentro da tempestade,
Sinto nas tuas mãos o poema em sofrimento,
Rodeado de finas lâminas de desassossego,
Nas mãos do luar,
Arde nos teus olhos,
Como um Deus desvairado…
Suspenso na madrugada,
Galgo as rochas do infinito adeus,
Percorro pirâmides de luz como uma espada queimada no meu peito,
E choro a ausência do esquecimento,
Da vida,
Da vida camuflada pelas marés de Inverno,
Os barcos cercados pelos anzóis da pobreza,
Marinheiros escorregadios…, saltam até ao próximo bar,
Bebem desenfreadamente os copos da alegria,
Sentindo no olhar a Cinderela manhã de inferno,
Escoa-se o tempo nas janelas do sofrimento,
Há nas pálpebras da doença o sentido proibido da morte,
As nuvens vão levar-me,
E a cidade desaparece no caderno onde desenho os teus beijos,
Como desapareceram todos os fantasmas do meu secreto olhar…
Francisco Luís Fontinha
domingo, 11 de Setembro de 2016