vozes
a camuflagem nocturna da paixão
nos meandros do sono anunciado…
os gritos
o subscrito lacrado
que o Doutor recebeu
do dependurado luar
enquanto escrevia
viu
viu o milagre acontecer
desceu as escadas
começou a escrever
sem recordar o espelho que envelheceu
numa tarde de Outono… mais adiante
lembrou-se da corrente
que trazia suspensa no pescoço
morreu
e via
as madrugadas
e a estrela que lhe mente
quando as vozes
vozes
adormecem no caixão
da paixão
vozes…
nas profundezas do poço
que o corpo não sente.
Francisco Luís Fontinha
17/11/2016