Abraço-me ao meu corpo cansado
Pela neblina das nove da manhã,
E num sorriso que perdi na noite de ontem
Vou procurar pegadas da minha sombra,
Luz de finíssimas escuridões
Surpreendem-me na madrugada
Que desistiu de me acordar,
E nos meus braços que me abraçam
O teu rosto ausenta-se e diminui de tamanho.
Eu enfadonho meu silêncio em busca de ti
Levado nas horas de um dia que desiste de acordar
E se esconde na tua mão.
Batem à porta do meu quarto esquecido dentro de teu corpo (que já me pertenceu)
Teu corpo despido, molhado, embriagado na minha presença,
- Porque me perseguem os teus olhos enraivecidos?
E sei que me vou perder nas tuas coxas de silício…
Que foram minhas.
Não tenho medo da tua luz existente no teu olhar
Que me condena, e sou condenado à prisão da saudade,
Desejos que penduro nos teus lábios imensuráveis
Numa viajem sem destino, num porto de abrigo fundeado
Na tempestade…
Abro as janelas do meu coração
Que dão acesso ao fundo do mar,
Mergulho até ficar cansado…
E com o corpo anestesiado no sofrimento
Da neblina das nove da manhã,
Adormeço nos teus sonhos.
Luís Fontinha
21 de Março de 2011
Alijó/Portugal