Rareiam por aqui as esquinas de luz do teu corpo,
Forço um beijo de sombra que habita no meu quarto,
Desenho nele a solidão de um final de tarde…
E sei que não voltarei mais.
(a mim?)
A ti, a mim e a esta terra que me acorrenta e mata,
A esta terra que me aprisiona desde criança
Como se eu fosse um Tiranossauro REX descendo a montanha do “Adeus”,
E lá longe a longínqua caneta enterrada no granito abraço,
(queres cerejas?)
Não. Não gosto de cerejas…
Olha! Olha, as laranjas do nosso quintal já são comestíveis,
Tão doces, tão doces como as tuas queridas mãos enfeitadas por flores, arbustos e lábios lacrimejantes, opiáceos livros de poesia poisados na nossa janela,
Quando a rua está deserta.
Não te entendo!
Não precisas de me entender…
Amanhã vais dizer que sou um vagabundo cambaleando pelos plátanos com leves folhas doiradas de tristeza,
A sátira perdida que apelidava o meu transeunte corpo de chocolate…
Com o calor…
Derrete. Morre.
E sei que não voltarei mais.
(a mim?)
Á vida. Não voltarei mais à escrita de estórias desalojadas numa quinta-feira à tarde, quando os miúdos regressam da escola e tu estás sentada na varanda a fazer pássaros de papel,
Tudo.
Ou nada.
O que importa é estar vivo…
Desde que nasce o Sol até ser noite.
Francisco Luís Fontinha
Alijó, 7 de Junho de 2017