Embrulho-me no fumo dos meus pobres cigarros,
Um cobertor obscuro de silêncio evapora-se no meu quarto… e rumo à janela desaparece no rio das pontes invisíveis,
Sinto o orvalho clandestino e secreto do teu sorriso,
Os barcos ancoram nos teus braços de silício…
E tenho medo de perder-te na escuridão do deserto,
A falência dos meus órgãos começa em cada Primavera,
E a vida é um destino longínquo de sofrimento…
Junto às tangerinas,
Morro na tentação de me evadir deste presídio abandonado,
Junto à janela,
Sentado na tua solidão.
Francisco Luís Fontinha
Alijó, 15 de Junho de 2017