Blog de Luís Fontinha. Nasceu em Luanda a 23/01/1966 e reside em Alijó - Portugal desde Setembro de 1971. Desenhador de construção civil, estudou Eng. Mecânica na ESTiG. Escreve, pinta, apaixonado por livros e cachimbos...

24
Set 17

Os pássaros, mãe…

Poisados no teu frágil cabelo, vomitando vozes nas tuas mãos enquanto lá fora o Outono se veraneia junto aos Plátanos da saudade,

Os sons melódicos dos teus ossos quando a madrugada não acorda, por preguiça, por nada… ou por tudo,

O sono, o sono que te alimenta e te transforma em esqueleto desempregado, lutando contra a dor, e o sofrimento…

Os pássaros, mãe…

Junto ao rio esperando a tua sombra, e os teus beijos,

Os pássaros desesperados, os pássaros envenenados de químicos complexos alvorando as tuas veias… e nada nem ninguém a brincar na eira,

Os pássaros, mãe…

Descendo os socalcos, dando curvas infinitas num cadeirão estático, morto, uniformemente acelerado, o seno, o co-seno alicerçado aos teus pulsos de verniz… como as serpentes do anoitecer,

Como eu odeio os teus pássaros, mãe…

 

 

 

Francisco Luís Fontinha

Alijó, 24 de Setembro de 2017

publicado por Francisco Luís Fontinha às 21:13

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