Todos os dias são horários perdidos,
Filhos ensonados
Nas lágrimas da madrugada,
Todos os dias são barcos esquecidos
No cais da alvorada,
Todos os dias são pássaros cansados.
Todos os dias são corpos embalsamados,
Corredores ensopados
De tristeza e azedume.
Todos os dias ardem. Todos os dias são lume
Que a lareira consome,
Todos os dias são fome,
Nas tardes de ciúme.
Todos os dias são morte,
Manhãs sem sorte,
Todos os dias são horários perdidos
Nas montanhas assassinas,
Todos os dias, jardins proibidos,
Em tardes meninas.
Francisco Luís Fontinha
Alijó, 7 de Dezembro de 2017