Conheci-te na plenitude da vida,
Eras uma árvore sem destino,
Cansada de habitar o meu jardim,
Parti e ficaste suspensa no cacimbo, e, até hoje, vives na clandestina noite,
Ausente,
Permanentemente sofrida com os corpos que abraçaste,
Longínqua tarde de despedida,
Nada a fazer, meu amor,
A saudade alicerça-se ao olhar dos flamingos,
Saltitando na tua sombra,
A morte, a sofrida morte entre parêntesis,
Numa pequena folha de papel…
Conheci-te era eu criança, menino sem destino,
Brincava nos teus braços,
Como se fosse uma andorinha na Primavera,
Alegre, agachava-me debaixo de ti, meu amor,
E, alegremente sonhava com os teus frutos,
As mangas, as folhas caiam derradeiramente sobre o meu cabelo,
E dos calções, as primeiras palavras escritas no teu tronco,
Amo-te!
Francisco Luís Fontinha
Alijó, 17 de Dezembro de 2017