O resto a gente dá um jeito.
As cabras no monte,
O meu corpo submerso nas pedras coloridas da manhã,
Os sonhos, as palavras que dançam com os sonhos, na esperança de um novo amanhecer,
Amanhã a gente dá um jeito,
Qualquer coisa serve, apenas uma sílaba de luz,
As mãos trémulas quando o teu sorriso acorda,
Após quatro horas de sofrimento,
Tens o olhar límpido, clareado como a areia do Mussulo,
Os barcos dançando no teu finíssimo cabelo de espuma,
E zás, cais sobre mim.
O mar que se afunda em ti, mergulha nos teus ossos, e da noite regressa um lápis desajeitado, como eu, descubro o sonho, finjo arder no sofrimento, mas em ti, apenas em ti oiço o amanhecer,
A dança da chuva, as flores donzelas sobre o teu peito, e uma vela acesa pela tua alma…
Há coisas estranhas em ti,
Camélias,
Cravos,
Rosas…
E as velhas salinas brincam nos teus olhos.
Amanhã.
Quando se levantar em ti a alvorada.
Francisco Luís Fontinha
Alijó, 28 de Janeiro de 2018