Este Sábado bafiento,
Perdido no ciúme da madrugada, presente no ausente,
Como uma ponte em cimento,
Latente,
O cheiro do teu cabelo numa esplanada de Verão,
O cigarro aceso, que tão mal faz ao coração,
Dizem eles, os médicos,
Mas eu não acredito,
Sendo iletrado,
Sou também um homem apaixonado,
Terno, lento,
Lanço este grito,
Quando o rio adormece na tua mão,
Tão lindas, as flores, meu amor,
Quando o poeta escreve a canção,
O dia, término cansaço da rua deserta,
Porta encerrada, porta aberta,
O carteiro traz-me a carta, a tua carta lacrada,
No marfim encarcerada,
Os beijos, as lanternas dos beijos emancipados,
Quando os corpos lançados,
Ao mar,
Um sopro de vento entra pela janela,
Encerrada,
Aberta,
Sem ninguém, ausente serpente do amar…
Tão bela,
E de lábios a palpitar,
Oiço o mar no teu corpo de limão,
Esqueleto camuflado pelas lâmpadas do anoitecer,
Sem querer,
Vou ao teu encontro, abraço-te e recordo a montanha,
Uma criança em fuga,
Que ninguém a apanha,
É isto o meu viver?
Francisco Luís Fontinha
Alijó, 17 de Março de 2018