(21 de Março, dia Mundial da Poesia)
Tão singela a porcelana do teu rosto,
Boneca de trapos, entre livros e plátanos,
Entre farrapos e palavras adormecidas,
Que só o vento sabe esquecer.
Tão magras as tuas mãos sapientes,
Quando tocam a minha face de xisto,
Grito, grito…
Existo!
Tão melódica a tua voz de cantadeira,
Quando o mar sobe a calçada,
E traz no ventre a despedida,
Triste, amargurada.
Dentro do parêntesis da madrugada,
A simplicidade do teu sorriso,
Tão simples o teu desejo,
Quando o beijo, enraivecido, se abraça à noite,
Tão simples o teu cansaço,
Nesta terra de ninguém,
Alguém,
Quase nada,
Perdido no espaço.
Tão singela a porcelana do teu rosto,
Quando a alegria parte, morre…
E poisas eternamente numa fotografia.
Francisco Luís Fontinha
Alijó, 21 de Março de 2018