O tempo não passa.
O tempo é uma ameaça, um rio sem nome,
Escondido na minha infância.
Mãe, tenho fome,
Sinto o vento na tua lápide imaginária…
No fundeado Oceano,
De pano…
Mãe, me aquece antes que adormeça,
E esqueça,
O telefone,
Que não me larga,
Durante a noite,
A desgraça,
Os ossos envenenados pelo tédio da esplanada mal iluminada,
O empregado,
Coitado,
Cansado…
Já não me atura,
Foge,
Mistura,
O tabaco com outras substâncias, folhas mortas, ausências…
O tempo não passa, mãe.
E sinto constantemente, em mim, esta miséria,
Que me alimenta,
Mente,
Como um Planeta adormecido,
Senta,
Senta em mim as sombras das tuas lágrimas.
Francisco Luís Fontinha
Alijó, 12/08/18