O ponto final da vida.
A morte prometida,
Sobre uma mesa empobrecida,
Quando os livros revoltados,
Descem a avenida,
Como soldados.
Pum. Fim da vida.
O silêncio.
Amo o silêncio dos pássaros, poisados nos teus lábios,
Doirados,
Doces,
Dos eternos namorados.
Grandes sábios.
Descem, sobem,
Sobem e descem,
Avenidas, ruas e ruelas,
Coitados,
Dos pássaros enamorados,
Entre lágrimas e velas.
Morre o poema na minha mão,
Sinto-lhe o esqueleto de dor, junto à noite,
Morrem todas as palavras do poema que morre na minha mão…
E coitadas…
Das janelas empoeiradas,
Velhinhas,
E, cansadas,
Como sexos apaixonados,
Nas sanzalas de prata,
A chuva miudinha,
Dos marinheiros em flor,
O cansaço, a desgraça do cio da madrugada,
Do meu primeiro amor.
Como eu quero escrever no teu corpo de sombra,
Na rua, uma montra,
Um par de calças esperando-me…
Sem saber que no final do dia,
Eu sentia,
A fórmula mágica das árvores apaixonadas,
As areias,
Os insectos envenenados pela fúria,
Não o sei, meu amor,
Nunca soube, meu amor,
Que o amor é uma merda,
Uma canção de revolta,
À volta,
Da fogueira.
Pum. fim da vida.
Francisco Luís Fontinha – Alijó
24/03/2019