Hei-de escrever-te um poema,
Numa tarde de Domingo,
enviá-lo pelo melro amigo,
Deste meu jardim recheado de palavras,
Hei-de escrever-te um poema,
Guardá-lo na algibeira,
Enquanto não regressa o melro amigo.
Hei-de semear uma bandeira,
Na tua mão de alecrim,
A bandeira do meu País…
Que vive a morte assim;
Uns são presos,
Outros, corruptos,
Outros nada são,
Só no meu País…
País do meu coração.
Hei-de escrever-te um poema,
Lindo de morrer,
Poema que vai aquecer,
O teu corpo de menina.
Hei-de escrever-te um poema,
Que um dia vai pertencer,
Ao livro da saudade,
Antes de eu morrer…
Hei-de escrever-te um poema,
Levar a espingarda,
E com o meu amigo melro,
Descer a escada,
Que dá acesso ao mar.
Levo a bandeira,
Levo a espingarda de papel…
Um dia vou,
Vou escrever-te um poema,
E assinar,
Ofereço-te a bandeira,
Ofereço-te o meu amigo melro…
Mas eu fico com o poema.
Francisco Luís Fontinha
28/04/2019